sábado, 4 de abril de 2009

Uma dúzia de rosas vermelhas...


Numa lápide do cemitério, Deixaram envoltas em fitas, Uma dúzia de rosas vermelhas. A foto era amarela e antiga, Inscrição apagada, descolorida. Provavelmente uma namorada, Um amor que se foi... Eu nunca ganhei rosas vermelhas. Como invejei aquela morta, Que mesmo estando deteriorando, Se fazia desejada, amada, lembrada E eu aqui mofando... Em vida! Uma alma fúnebre que respira E nunca ganhou rosas... Peguei as fitas e joguei, Uma a uma, no túmulo ao lado. Cada botão de rosa que eu tocava Morria, murchava condenado A ser um morto - vivo despeitado, Como meu coração ali se mostrava, Um mero órgão desapaixonado... E a foto da inscrição apagada, Verteu duas lágrimas caladas, Longe da percepção humanamente sentida Chorou por ter em morte gesto tão pleno de vida __Uma dúzia de rosas vermelhas querida! E nem percebeu que haviam lhe roubado, Nem as flores, nem as fitas... Disso aprendi que o que vale Não são as rosas que por ventura receba, Mas o amor que por certo distribua, Que faça, mesmo em morte, ser lembrada, Mesmo depois de deteriorada, Continuar a ser desejada e querida. Isso é só para os que foram plenos em vida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário